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domingo, 7 de abril de 2013

Jiva-Tattva



A verdade sobre o eu, (a alma).
(Extraído do livro de Srila Gurudev chamado ‘Jiva tattva’- The Journey of the soul).
    O tema a seguir, refere-se às verdades filosóficas estabelecidas nas escrituras sagradas, sobre a natureza das entidades vivas (jiva-tattva) e este tema é bastante profundo. Ainda sim, é essencial saber este tópico, especialmente para aqueles que ativamente compartilham tópicos espirituais com outras pessoas. Conhecimento lúcido das verdades filosóficas é a fundação de uma vida espiritual forte.

Siddhanta baliya citte na kara alasa
Iha há-ite krsne lage sudrddha manasa
(Sri Chaitanya-caritamrta, Ai-lila 2.117)

“O estudante sincero não deve negligenciar a discussão de tais conclusões, considerando-as controversiais, pois tais discussões fortalecem a mente. Então, a mente do estudante fica atraída á Sri Krishna.”

   Em toda literatura devocional ou Vaishnava, encontramos alguém que pergunta e alguém que responde estas questões. Este requerimento lidera até a fundação da vida espiritual: questionamento humilde visando saber a Verdade. O próprio Senhor Deus dá este exemplo, como foi visto nas conversas entre o Deus Supremo Sri Chaitanya Mahaprabhu e seus associados Srila Roy Ramananda e Srila Sanatana Goswami.
   Neste humor, o grande Rei Parikshit Maharaj faz perguntas ao santo, Sri Sukadev Goswami: “A constituição transcendental da entidade viva é espiritual e consciente, enquanto que a ilusória energia material de Deus (maya) é inerte e mundana. Como é então que a entidade viva fica enredada em maya? Isto é incrível.”
   Srila Sukadev Goswami responde:

Bhayam dvitiyabhinivesatah syad
Isad apetasya viparyayo ´smrtih
Tan-mayayato buddha abhajet tam
Bhaktyaikayesam guru-devatatma

(Srimad Bhagavatam 11.2.37)

   “O medo vêm quando a entidade viva identifica a si mesmo com o corpo material devido a sua absorção nas coisas externas - energia ilusória de Deus. Quando ele se afasta do Deus Supremo, ele também se esquece sua própria posição constitucional como um servo de Deus. Esta confusa e temerosa situação é o efeito da energia ilusória, chamada maya. Então, a pessoa inteligente deve engajar-se firmemente no unidirecionado serviço devocional a Deus sob a guia de um mestre espiritual fidedigno, quem ele deve aceitar como sua deidade adorável e como sua própria vida e alma.”

   Este verso indica que Sri Krishna é a causa de toda existência. Ele é a Verdade Absoluta, É um sem haver um segundo. Ele é a Verdade Última. Ele é o primeiro, e não há um segundo. Ele é a personificação da completa existência. Ele manifesta várias potências, ilimatadas entidades vivas (jivas ou almas), e inumeráveis mundos e universos; até mesmo seu pai Nanda Maharaj e sua mãe Yashoda, e todos os seus associados são suas manifestações. Ele é então, a deidade adorável de todos.
   Pela constituição da entidade viva, ela é uma serva eterna deste Supremo Deus adorável, Sri Krishna. Como foi dito no Sri Chaitanya-charitamrta (Madhya-lila 20.108):

Jivera svarupa haya – krsnera nitya dasa
Krsnera ‘tatastha sakti’ bhedabheda-prakasa

“A posição natural e constitucional da entidade viva é que ela é uma eterna serva de Krishna, porque ela é uma energia marginal de Krishna e uma manifestação simultaneamente igual e diferente Dele.”

   Como uma serva eterna de Sri Krishna, a alma (jiva) é bem aventurada por natureza. Porém em algum momento crucial ela olhou para a energia externa de Deus, pensando que existe algo além de Deus.
   Sendo uma parte e parcela de Krishna, a intrísica natureza da jiva é de olhar para Sri Krishna, então, porque então ela olhou para maya? A resposta é que Krishna deu uma certa independência a ela. Se ela faz mal uso desta independência, ela cai na jurisdição de maya (energia ilusória) e é punida. Confundida por maya, ela se torna materialmente absorta, e neste predicamento, nenhuma outra pessoa materialmente absorvida pode salva-la.
   No penúltimo verso acima mencionado por Sri Sukadev Goswami, confirma-se que a entidade viva estava situada na linha entre o mundo transcedental e o inerte mundo material. Pela nossa escolha, olhamos para a ‘dôce’ maya, que por sua vez nos mostrou o caminho pelo qual poderíamos desfrutar por conta própria, aparte de Krishna.
   Enamorada por maya, a jiva pensa: “Desfrutar é um direito meu”. Então, imediatamente maya à supre com o corpo sutil (composto pela mente material, inteligência e falso ego) e o corpo grosseiro (composto por osso, sangue, pele, urina e fezes etc...) e então ela começa a pensar: “Eu sou este corpo e tudo que está relacionado com com este meu corpo é meu”.
   Assim, quando a jiva vira as costas para Krishna devido ao seu livre arbítrio e independência, ela fica encoberta pela concepção errônea deste conceito material e corpóreo da vida e se torna enamorada pelas bonitas formas manufaturadas por maya. Estando neste campo de existência, ela não consegue encontrar a saída por si mesma. A única escapatória é o refúgio daqueles que conhecem o caminho de saída. Após um longo tempo presa neste mundo de nascimentos e mortes, as almas afortunadas podem ser abordadas por um devoto puro, quem dirá: “O que estão fazendo irmãos e irmãs? Vocês estão sem rumo. Vocês se desviaram do caminho da verdadeira felicidade. Vocês se desviaram do caminho do amor á Deus. Venha comigo; guiarei voçês na estrada da verdadeira felicidade”.
   Apenas mantendo boas companias, a pessoa poderá desenvolver consciência espiritual e considerar esta verdade: “Sou um servo eterno de Krishna, e também posso servi-lo com amor e afeição, como aqueles que estão no mundo transcendental. Este mundo é apenas uma sombra daquela sublime consciência espiritual de amor e serviço”.
   Srila Sukadeva Goswami explica ao rei Parikshit, a importância de associar com os exaltados e santos devotos de Deus. Um devoto santo pode mudar o coração de uma alma miserável em um só instante.

Sadhu sanga sadhu sanga sarva sastre kaya
Lava matra sadhu sanga sarva siddhi haya

O veredito de todas as escrituras reveladas é que até mesmo um instante de associação com o devoto puro, todo sucesso pode ser alcançado.

   O Srimad Bhagavatam também declara que qualquer um que sinceramente canta e lembra de Krishna sob a guia de um santo fidedigno, é destinado a se tornar feliz. Se até mesmo um devoto neófito está sinceramente cantando e chorando por Krishna, lamentando a sua caída condição, ele está destinado a ser feliz ataravés da associação santa. A pessoa pode estar afligida por inúmeros pensamentos e hábitos indesejáveis, mas se ela canta sinceramente, com certeza se tornará feliz.
   Aquele devoto feliz mostrará aos outros, o caminho espiritual e dirá: “Eu conheço um real santo, uma alma auto-realizada, um verdadeiro Guru, e pela ajuda Dele, me tornei tão jubilante. Venha comigo, vou levá-lo até Ele”. Esta pessoa é chamada de vartma-pradarsaka-guru, o Guru que mostra o caminho.
   Sri Krishna é muito misericordioso; Ele é o Guru situado no coração (chaitya-guru). Juntamente com o vartma-pradarsaka-guru, Ele guia a pessoa até o fidedigno e auto-realizado Guru. Aceitando este guru fidedigno, a pessoa começa sua prática de atividades devocionais no serviço a Sri Krishna e gradualmente todos seus maus hábitos e mentalidades desaparecem.

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